segunda-feira, 14 de julho de 2008

Basta !

Chega! Já é altura de por os pontos nos is!

Não sou nem nuca fui um anjinho,

Nasci assim, não fui eu que me fiz!

Foi talvez o crescente ódio

Que me acompanha desde petiz.

Foi talvez o que não sei,

Foi talvez o que não fiz.

Mas não olhem para mim como

O pobre desgraçado, o coitadinho!

Não, não fui, nem nunca serei um anjinho!

Nada reside em mim

Mais que a besta sadia!

Em sonhos vejo o fim,

Pois só sonho durante o dia.

Sonho durante o dia,

Deambulo durante a noite,

Tenho a mente gélida e fria,

E o olhar afiado como uma foice.

Sou um anjo de sangue,

Meu corpo é a cal,

Sou tão puro que à quem me demande,

Ser Deus cabeça de chacal.

E hoje sou assim!!!

Amanhã serei diferente.

E hoje dou-me em mim,

Amanhã darei-me em gente!


13:00  06/12/99

Declinio

Procuro o nexo das coisas

Mas... O que acho?

Procuro incessante,

Esse olímpico facho.

Neste mundo onde estou

Procuro, tudo aquilo que sou,

Sou mudo. Tenho a vontade de estar

Em lugares que não existem,

Nesse algo sem par,

De memórias que persistem.

Vivo em palácios de betão,

Filtros da realidade,

Os seus filhos são:

Ratos de mera nesciedade.

Que ignorância é esta

Que se abateu sobre meu o povo,

A vida deixou de ser uma festa 

Para ser um jogo!

E eu preso no vosso mundo

Sem poder para o alterar,

Vejo-vos cair cada vez mais fundo

Sem vos poder agarrar.

Vejo o mundo para as trevas a caminhar,

Eu quero, e tento, tento!

Mas não vos consigo salvar,

De um caminho tão lento

De morrer e matar.

Mas não! Vocês não querem ser salvos,

Vocês recusam-se! Preferem continuar

Ignorantes, distraídos com jogos estúpidos,

Televisão, futebois, mercados de consumo!!!

Onde chegas-te!

Onde chegas-te meu mundo!


11/99

Tudo tão igual

Que mundo tão controverso,

Nada é mau, nada é bom.

Tudo é disperso.

Não há extremos nem fantasia,

Não era este o mundo,

Não era este o mundo que eu queria.

Sento-me à espera, escrevendo.

Meu corpo gela,

E vai morrendo.

Sinto-me cada vez mais velho,

A cada segundo que passa,

Vejo tudo e não tenho nada.

A vida é uma constante desgraça.

Está frio, um vento gélido,

Meu corpo treme em abruptos espasmos,

Não sei o que tenho lido,

Não sei  nada senão sarcasmos.

Mas sei que agora meu corpo gela.


25/11/99 C.C.B.

Falsas promessas

Onde estou eu?

E quem és tu?

Que vens de lá do fundo

Com promessa de fim do mundo.

Em teus escritos prometes:

A humanidade vai acabar.

Mas acho que o que dissestes

Foi só para me enganar!

Como queres que eu viva neste mundo

Que mais parece uma bola podre em decomposição.

E mentiste-me! Tu, que vens de lá do fundo.

Como queres agora que beije teu chão?

Como queres que respeite teus filhos?

Aquele primor da criação,

Que mais parecem ratos nos ninhos

Em plena procriação.

E agora diz-me!

Como queres que respeite o que eles são?

Sim, eles! Esses puros deuses da fornicação.

Como queres que respeite eu,

Seres piores que animais,

Se o que tenho nem é meu.

Os sentimentos são fatais.

Tira-me, tira-me deste mundo tirano,

Tu que me fizeste humano, insano.

Tira-me desta horrível podridão1

Ou então, cala meu coração.


13:/30  24/11/99  Metro

Ermita

Cá estou eu

Envolto na minha solidão,

Procurando um assunto para escrever,

Sentado neste frigido chão

Sem ninguém para me aquecer.

A minha paz e perturbada

Pelos seres que passam,

E a inspiração levada

Por esses seres que grasnam!
Não vos tenho mal em consideração,

Não! Não pensem isso.

É só que vocês me cortam a inspiração

Quando dela mais preciso,

E eu aprecio tanto a minha solidão.

Sei que sou um humano sem siso,

Talvez veja demasiada televisão

E leia demasiada literatura,

Mas hei, eu sou um fanático da palavra,

Um obcecado por escritura,

E ao mesmo tempo o que agrava,

Um fanático da natura.

Juntem as flores de um Cesario

Ás maquinas de um campos,

E encontraram o itinerário,

Deste poeta entre tantos!


15:15  23/11/99

Porquê?

Tenho lutado

Na esperança de morrer um dia.

Mas sou tão fraco,

Que nem isso conseguia.

Tenho gasto todas as minhas energias,

Quer procurando  a morte nas noites,

Quer a vida nos dias.

Agora estou aqui sentado

Sentindo gelo a correr-me nas veias,

Esta um frio danado, e coisa que vejo, tão belas, tão feias.

São belas a pessoas

Enquanto maquia, ser com vida,

Mas são feias e tolas

Enquanto ser retrogrado que medita,

Enquanto ser que luta,

E escreve sobre a escrita.

Pois são esse filhos da puta

Que estragam o mundo de quem luta

Por uma vida mais bonita.

Tenho lutado, e há! Luto tanto,

Tenho chorado rios de mar e de pranto,

E para quê? Ninguém compreende o que canto,

Ninguém sabe ninguém vê!

Porque luto? Afinal,

Nada ganho por pregar

Neste palco jogral.

Porque luto?

Porque luto afinal?


12:40  22/11/99 a bordo da carreira 101

Adeus meu mundo

Veloz, veloz é o tempo

Que por mim passa

Neste instante que é a vida,

E o inconstante com que se lida.

Brutal, brutal é a sede de poder,

De se saber que se é

Mas não se pode,

De não querer comer e ter  fome.

Frágil, frágil sou eu

E tudo o que me rodeia,

Como a força da fé de um ateu,

Como mosquito preso numa teia.

Forte, forte é tudo

E eu também o sou,

Tal como quando espero

Pelo tempo que já passou.

Estou apático e dorido,

Enigmático entorpecido,

Digo adeus a tudo,

Adeus meu mundo


18/11/99