Sinto uma caneta nas mãos
E um mar de linhas azuis frente a mim
Enfrento esta frenética vertigem
Que caminha sem retrocesso para o fim.
Sou um botão de rosa, branco, fechado
Que o mundo insiste em abrir.
Sou um botão de rosa, branco, esmagado
Que o mundo de preto o quer tingir.
Estou frente a uma sociedade
Que me tenta engolir
No seu jogo rotineiro
De fugir, correr fugir.
Caminhamos para a morte
E isso é mais que certo.
Todos nos temos a mesma sorte,
E o fim da terra está tão perto.
Se o sol é uma estrela
Essa estrela morrerá ,
E com a sua explosão
A terra desintegrara.
Então porque vos preocupeis
Em ser famosos e ricos,
Se não levais papeis nem títulos.
Porque tendeis em gravar vosso nome na historia,
Se um dia dela deixará de haver memória.
E mesmo que a raça humana
Venha a colonizar outra galáxia,
Quem é que se vai querer saber desta velha terra mundana.
Esse planeta primitivo, essa vitória de Samotracia.
E eu que só queria ser feliz
Vejo-me agora agarrado
A um passado infeliz,
Um presente que repudio
Um futuro que nada me diz.
Preso nas malhas das vossa leis,
Sendo obrigado a pensar e escrever
Com as palavras que me ensinasteis,
Preso ás doutrinas,
E no seu mais âmago ser
Cheio de guerras e chacinas.
Alguém que vê o mundo como lhe foi ensinado,
Com os nomes que vocês lhe deram.
Alguém que exprime a sua raiva e afecto
Com o esquema verbal que lhe impuseram.
Alguém que não pode pensar, sem associar um objecto
Ao nome que vocês dizem ser o correcto.
É triste ter que viver sob a vossa dita.
Mas ter que pensar através delas
É a maior angustia de um ser que reflicta.
02/03/1999 C: 22:00 h; A: 23:00 h
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