segunda-feira, 14 de julho de 2008

Adversidade

Olá ! Sou eu.

Mas isso já vocês sabem.

Cá estou eu de novo

Com um tema que já vocês sabem,

Mas trago algo de novo

Uma semente dentro de uma vagem.

Solidão é estar só.

Ninguém gosta de estar completamente só.

Eu não gosto,

Mas preciso.

E até aposto

Que já não tenho siso.

Eu até gosto de estar só,

Eu preciso de estar só.

Mas o que mais dói sem dó

É saber que ninguém me está a ligar.

Há! E já me esquecia

Da velha angustia existencial:

Estou farto da vida fria,

Vou-me matar num pedestal.

Pois é! Estou farto de Ser

Quem sou, previsível na escrita,

Do meu sangue vou beber,

À vida brindar a infinita.

Nunca tive grande contacto com os mortais,

Mas cada vez mais penso,

Que são um bando de animais.

E Eu tenho o corpo tão tenso

Que todas estas merdas parecem irreais.

No meu antro de pecado escrevo,

Tudo é tão feio,

Mas aos meus olhos tão ledo.

Ledo como Lídia, linda, limpa, pura

Lado ao lago, Lídia, Ricardo,

O Reis e o fado.

E Eu tão farto.

E Eu tão cansado.

Já nada tem nexo,

Nem a cama tem estrado,

Já não estou perplexo,

Estou frustrado.

Frustrado, cansado, tudo!

Tudo como sempre fui,

A unidade, o todo,

Um mar de sentimentos que em mim flui.

Mas tudo isto se esquece,

Quando o lembro ao escrever,

Pois tudo o que não é, o parece,

E a minha arte é parecer.

Já tudo em mim arrefece,

Já tudo arrefeceu.

O calor que agora me aquece

Foi o sangue que em mim ferveu:

A ignorância de todos,

O desprezo do mundo,

Os desejos doidos

Daquele poço sem fundo.

O que eu quero? Afecto!

O que desejo? Carinho!

O que preciso? Felicidade!

O que tenho? Quem sabe!

Feliz sou, tenho felicidade.

Afinal sou um poeta,

Porque tanta adversidade?! 


31/03/1999  Gerês 21:20 h

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