Magos da Palavra

Somos excomungados

Por sermos estreloucádos

Somos poetas somos magos

Não temos medos nem pecados.

Somos vivos somos mortos,

Ora odiados ora idolatrados,

Somos poetas somos magos

Não temos medos nem pecados.

Somos gelo, somos fogo,

Gentes do povo, carteiras furadas

Almas nobres, revoltadas.

Mostramos ao mundo a nossa dor

Mas ninguém nos liga,

Afinal somos só poetas magos

Sem medos nem pecados.

Agora choras, agora ris

Na cara de todos os que te chamaram petiz.

Quem se rege por minhas linhas me entende

Poeta nascitur nom fit.

Criança nunca foste,

Mas um velho sempre,

Agora perdes a sanidade, ri-te!

Não fiques sisudo,

Não maces mais essa gente

Com poemas de luto.

Eles são insensíveis, não te compreendem.

Não te martirizes mais,

Frente a rudes e animais.

Aproveita o dom que Deus te deu,

Vive a vida como eu.

Ama quem te ama, ignora quem te feriu.

Não jures vingança, pois nunca o cumprirás,

Teu coração é bom, não guardas ressentimentos,

Deixas tudo  para trás.

Não renegues um dogma

És bom, nunca mau,

Conheço o teu mais intimo ser,

Dizes ser duro como um calhau,

Mas és manteiga a derreter.

És poeta, não te inibas, fala!

Ser poeta é ser criança

Com alma de velho

E palavras de lança.

Quase tão penetrantes, como a espada,

Símbolo de nosso Pai e de sua palavra.

Dois gumes, que não matam,

Dois gumes, que não ferem,

Dois gumes que só esperam,

Dar amor a quem fizeram.

Ama e sê amado,

Ignora quem te tem magoado,

Vive e deixa viver, faz este sentimento crescer

Faz as crianças crescer, no meio de amor,

Mostra-lhes o teu mundo

A pureza de teu seio acolhedor.

As crianças são a esperança,

São os olhos de Deus,

São um mundo melhor.

No coração de uma criança,

Traz os olhos verde esperança,

Nas mãos, o mundo a seus pés,

Na vida um futuro distante,

Tão próximo, que tu é que o és.

Não digas para não odiar,

Quando tu odeias!.

Não digas para não matar,

Quando tu matas!.

Não digas para não bater,

Quando tu bates!.

Não precisas de dizer nada!

Tornar-se-ão nos seres que tu crias-te,

Seguirão sempre o teu exemplo, seja ele qual for.

Não amarão, se não amas-te.

Matarão, se tu matas-te,

O futuro começa em ti, está nas tuas mãos,

Ama  e eles amarão,

Respeita e eles respeitarão,

Vive e eles viverão.

Um mundo novo vai nascer,

De um simples gesto que é amar e compreender,

Serás então, não apenas um exemplo para teus filhos,

Mas também para a Humanidade,

Serás:  Camões, Dante e Petrarca,

Todos numa única singularidade:

A alma que mudou o mundo,

O eterno poeta sem idade.

02/11/1997