Já ninguém se lembra
Deste velho pecador,
Que montou a sua tenda
No império do terror.
Ninguém sente a sua falta
Ninguém vê a sua dor,
Mas é talvez este o preço
De ser um pecador.
A chuva já não me molha
Nem o sol me queima o corpo
Mas sinto tanta vergonha
Em ser quem sou: um “aborto”.
Oiço vozes ao longe,
Vozes que conheço,
Sinto-me como um monge,
Um animal, um adereço.
Enquanto a chuva cai
Vejo quem passa a correr,
Mas o meu caminho vai
Na velocidade de quem não quer saber.
Tenho a certeza de estar só
Numa imensa vastidão,
De mim não tenho dó,
Não pareço, sou um cabrão.
Não sei porque me desmoralizo,
Não sei porque não gosto de mim.
Mas sou um humano sem juízo
Que caminha lento para o fim.
01/04/1999 15:30 h
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