segunda-feira, 14 de julho de 2008

Memórias

Já ninguém se lembra

Deste velho pecador,

Que montou a sua tenda

No império do terror.

Ninguém sente a sua falta

Ninguém vê a sua dor,

Mas é talvez este o preço

De ser um pecador.

A chuva já não me molha

Nem o sol me queima o corpo

Mas sinto tanta vergonha

Em ser quem sou: um “aborto”.

Oiço vozes ao longe,

Vozes que conheço,

Sinto-me como um monge,

Um animal, um adereço.

Enquanto a chuva cai

Vejo quem passa a correr,

Mas o meu caminho vai

Na velocidade de quem não quer saber.

Tenho a certeza de estar só

Numa imensa vastidão,

De mim não tenho dó,

Não pareço, sou um cabrão.

Não sei porque me desmoralizo,

Não sei porque não gosto de mim.

Mas sou um humano sem juízo

Que caminha lento para o fim.


01/04/1999  15:30 h

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