Desilusão! Tudo me desilude.
Não! Tudo eu desiludo.
Queriam-me, meus pais
Bom aluno e pessoa.
Mas fez-me o mundo,
Um som que não soa,
Um fundo sem fundo,
A cor que destoa.
Olho minhas mãos
O sangue que corre em suas veias,
No entanto, paradas estão,
Tal como todas as minhas ideias.
Tenho planos e vontades
É certo.
Mas meu corpo inerte ás adversidades
Tão longe; tão perto.
Tenho sede, e um copo na mão,
Mas não o consigo erguer,
E se ninguém me ajuda então,
De sede vou morrer.
Escreve. Escrevo nesta sala,
Tenho à frente uma professora que fala
Mas não me apercebo do que diz.
A minha cabeça não manda
E o coração faz-me infeliz.
Devia escolher algo, um caminho,
Mas desejo ser tudo,
E dou em louco sem ser nada.
Devia forjar o meu futuro,
Mas gasto o tempo a sonhar.
Eu queria ser um duro
Mas a minha existência não é estar.
Todos vivem estando,
Condicionados por um sobreviver.
Eu posso passar fome,
Mas descubro o Meu ser.
Posso morrer infeliz,
Desiludir todos os que me amam.
Mas fiz o que quis,
Rebentei com as regras que vos enganam,
E sou agora a angustia
De não Ser.
Descobri a fragilidade.
A fragilidade de viver!
26/05/1999 C: 10:53 h; A: 11:25 h
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