segunda-feira, 14 de julho de 2008

Fragilidade de viver

Desilusão! Tudo me desilude.

Não! Tudo eu desiludo.

Queriam-me, meus pais

Bom aluno e pessoa.

Mas fez-me o mundo,

Um som que não soa,

Um fundo sem fundo,

A cor que destoa.

Olho minhas mãos

O sangue que corre em suas veias,

No entanto, paradas estão,

Tal como todas as minhas ideias.

Tenho planos e vontades

É certo.

Mas meu corpo inerte ás adversidades

Tão longe; tão perto.

Tenho sede, e um copo na mão,

Mas não o consigo erguer,

E se ninguém me ajuda então,

De sede vou morrer.

Escreve. Escrevo nesta sala,

Tenho à frente uma professora que fala

Mas não me apercebo do que diz.

A minha cabeça não manda

E o coração faz-me infeliz.

Devia escolher algo, um caminho,

Mas desejo ser tudo,

E dou em louco sem ser nada.

Devia forjar o meu futuro,

Mas gasto o tempo a sonhar.

Eu queria ser um duro

Mas a minha existência não é estar.

Todos vivem estando,

Condicionados por um sobreviver.

Eu posso passar fome,

Mas descubro o Meu ser.

Posso morrer infeliz,

Desiludir todos os que me amam.

Mas fiz o que quis,

Rebentei com as regras que vos enganam,

E sou agora a angustia

De não Ser.

Descobri a fragilidade.

A fragilidade de viver!   


26/05/1999 C: 10:53 h; A: 11:25 h

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