segunda-feira, 14 de julho de 2008

Estranha paz

Está tudo tão calmo em mim,

O sono a apatia

Apagam os meus sentimentos.

Em cada noite cada dia

Pago os meus dividendos.

Já foi dor, utopia,

Tudo e até magia.

Mas agora é o nada.

A minha alma está vazia

E a minha cabeça cheia,

De toda uma apatia

Emaranhada na vossa teia.

Os meus olhos fecharam-se

Estando abertos,

Compenetraram-se, absortos, rectos

Perante a vossa iniquidade,

No horizonte da vossa verticalidade.

Inocentes perante a guerra,

O ódio e a dor,

Buscando a vida,

Aquela ponte de amor.

Já não choro quando dói

Nem rio quando estou alegre,

Arrancaram-me o peito

A ferro fogo e febre.

Sou agora uma máquina

De inteligência artificial,

Produto de uma sociedade

Que a ninguém faz mal.

A fachada que todos querem,

O poder de compra como felicidade.

E que dirão eles quando perceberem

Todo o meu poder espiritual.

Nunca é tarde demais

Embora ás vezes seja.

Nem sempre, nem sempre

A vida sobeja

E tens tempo para tudo.

Fecha os olhos e morre de fome

Enquanto te alimentas de papel,

Pois eu vivo de emoções.

Esfolas-te por um farnel,

És tratado abaixo de cão,

Toda a vida vives-te em miséria

Ás ordens de um patrão,

Para alimentar aquele,

Que não respeita teu chão,

E do qual desconheces

O verdadeiro nome.

O grande chefe de uma Nação.

Vive!

Vive a eterna mocidade.

Tu que não imaginas o que é a dor

Quanto mais podes imaginar a sua ausência.

Esquece todos os teus problemas e vive,

Agarra o que eu perdi,

Tem o que eu não tive,

A felicidade, a felicidade de quem vive.


20/07/1999

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