Está tudo tão calmo em mim,
O sono a apatia
Apagam os meus sentimentos.
Em cada noite cada dia
Pago os meus dividendos.
Já foi dor, utopia,
Tudo e até magia.
Mas agora é o nada.
A minha alma está vazia
E a minha cabeça cheia,
De toda uma apatia
Emaranhada na vossa teia.
Os meus olhos fecharam-se
Estando abertos,
Compenetraram-se, absortos, rectos
Perante a vossa iniquidade,
No horizonte da vossa verticalidade.
Inocentes perante a guerra,
O ódio e a dor,
Buscando a vida,
Aquela ponte de amor.
Já não choro quando dói
Nem rio quando estou alegre,
Arrancaram-me o peito
A ferro fogo e febre.
Sou agora uma máquina
De inteligência artificial,
Produto de uma sociedade
Que a ninguém faz mal.
A fachada que todos querem,
O poder de compra como felicidade.
E que dirão eles quando perceberem
Todo o meu poder espiritual.
Nunca é tarde demais
Embora ás vezes seja.
Nem sempre, nem sempre
A vida sobeja
E tens tempo para tudo.
Fecha os olhos e morre de fome
Enquanto te alimentas de papel,
Pois eu vivo de emoções.
Esfolas-te por um farnel,
És tratado abaixo de cão,
Toda a vida vives-te em miséria
Ás ordens de um patrão,
Para alimentar aquele,
Que não respeita teu chão,
E do qual desconheces
O verdadeiro nome.
O grande chefe de uma Nação.
Vive!
Vive a eterna mocidade.
Tu que não imaginas o que é a dor
Quanto mais podes imaginar a sua ausência.
Esquece todos os teus problemas e vive,
Agarra o que eu perdi,
Tem o que eu não tive,
A felicidade, a felicidade de quem vive.
20/07/1999
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