O meu sonho era ter,
Que não sonhar para viver.
O meu sonho era chorar
Lágrimas de alegria,
E da noite fazer-se o dia.
Mas os meu sonhos não passam disso,
Uma visão uma utopia.
Quanto ao real, é outra história,
Uma noite escura e fria,
Onde vives, onde morres,
Onde cagas, onde fodes!
Onde comes, e és comido,
Onde trabalhas, e és fudido!!!
Neste mundo de merda
Ainda à tão pouco nascido,
Há um bebe que berra,
Mais forte que um leão,
Mais forte que um rugido.
Esse bebe sou eu,
Neste mundo, recém-nascido.
A dor é tão forte,
Que deixou de ser sentida,
Para dar lugar à morte,
Desejada e merecida.
Tantos anos sem viver,
Para num segundo morrer.
Quem serei eu?
Quem me fez nascer?
Terra que piso, mundo em que caminho,
Sociedade cheia de ódio,
Que em meu peito fizeste teu ninho,
E dele te alimentaste.
Agora somos dois, numa batalha eterna,
Em cima de uma carroça de bois,
À noite e sem lanterna.
Agora somos vida,
Agora somos morte,
Ora sendo mal vinda,
Ora sendo boa sorte.
Hoje sou mau,
Amanhã és tu,
Nesta sem governo nau,
Sem bússola, nem leme,
Onde vivemos todos nós.
O mundo que toda a gente teme.
Nas sombras deslocando,
Na escuridão vivendo,
Na noite me alimentando.
Eu e tu, nós os dois,
E o vento.
Vida e morte, sem tecto,
Sem alento.
30/01/1998 13:30 h
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