De que vale tudo
Se não se é nada.
Que vale um canudo
Mais que a bagagem, que a mala
Que a vida nos pode dar.
De que vale ser rico
Se a felicidade está nas coisas simples.
De que vale esta cadeira onde me sento
E esta rua que observo
Se não me fazem feliz.
E de que vale a rima
Se me impede de dizer o que penso.
Mas sobretudo de que vale
O amor e o mundo
Se estou condenado a estas velhas paredes.
De que vale tudo!
De que vale tudo!
De que vale ser mau
Se isso nos torna piores.
Que vale esta guitarra que seguro
E não sei tocar.
Que vale tudo
Senão o saber que não vale nada!
Que ainda se pode viver de ilusões,
E saber o erro que se comete,
E admiti-lo perante todos.
E dizer não! Eu não!
Eu não parei de sonhar,
Eu continuo a viver,
Eu recuso-me a crescer.
E é esta a loucura
De me debater contra uma sociedade
Que sei não vai perder,
Mas que também não irá ganhar.
E se me fecharem,
Eu gostarei de estar fechado.
E se me torturarem,
Eu gostarei de ser torturado.
E se for infeliz,
Serei feliz nessa infelicidade,
Mas serei sempre Eu.
Embora possa não saber quem sou
Sei o que sou e que não vou mudar.
Podem-me tirar o tempo
O papel e a tinta,
Condenar meu pensamento,
Mas não me podem mudar.
Podem-me dobrar, partir em mil bocados,
Mas serei sempre Eu!
Até ao dia em que decidir mudar,
Pois sou livre.
E isso ninguém me pode tirar.
Odivelas
(varanda do nosso quarto)
11/05/1999 parte da tarde
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