segunda-feira, 14 de julho de 2008

O valor da vida

De que vale tudo

Se não se é nada.

Que vale um canudo

Mais que a bagagem, que a mala

Que a vida nos pode dar.

De que vale ser rico

Se a felicidade está nas coisas simples.

De que vale esta cadeira onde me sento

E esta rua que observo

Se não me fazem feliz.

E de que vale a rima

Se me impede de dizer o que penso.

Mas sobretudo de que vale

O amor e o mundo

Se estou condenado a estas velhas paredes.

De que vale tudo!

De que vale tudo!

De que vale ser mau

Se isso nos torna piores.

Que vale esta guitarra que seguro

E não sei tocar.

Que vale tudo

Senão o saber que não vale nada!

Que ainda se pode viver de ilusões,

E saber o erro que se comete,

E admiti-lo perante todos.

E dizer não! Eu não!

Eu não parei de sonhar,

Eu continuo a viver,

Eu recuso-me a crescer.

E é esta a loucura

De me debater contra uma sociedade

Que sei não vai perder,

Mas que também não irá ganhar.

E se me fecharem,

Eu gostarei de estar fechado.

E se me torturarem,

Eu gostarei de ser torturado.

E se for infeliz,

Serei feliz nessa infelicidade,

Mas serei sempre Eu.

Embora possa não saber quem sou

Sei o que sou e que não vou mudar.

Podem-me tirar o tempo

O papel e a tinta,

Condenar meu pensamento,

Mas não me podem mudar.

Podem-me dobrar, partir em mil bocados,

Mas serei sempre Eu!

Até ao dia em que decidir mudar,

Pois sou livre.

E isso ninguém me pode tirar.


Odivelas

(varanda do nosso quarto)

11/05/1999 parte da tarde

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